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Vamos falar das estereotipias?


Vamos falar das estereotipias?


Balançar as mãos, bater os pés, girar objetos ou o próprio corpo, estalar os dedos, fazer sons repetitivos… são movimentos de autoestimulação ou também chamados de autorregulatórios, muito comuns em pessoas com autismo. São movimentos que pessoas neurotípicas também fazem, mas de forma menos intensa e têm controle sobre eles. Esse comportamento pode ser motivado para buscar sensações, proporcionar bem estar ou simplesmente pela tendência à repetições, que é uma condição do autismo.

Nossa vontade inicial é tentar conter esses movimentos. Pode parecer que, quando a criança está praticando uma estereotipia, está distraída e não conseguirá se concentrar. Porém, esses movimentos são, na maioria das vezes, inofensivos e podem até ser benéficos para a criança. Ao contrário do que parece, a criança fica muito mais concentrada nestes momentos.
Além disso, alguns momentos sozinha praticando estereotipias, podem auxiliar na na organização dos pensamentos da criança ou também quando estiver em uma situação de estresse. Muitos autistas conseguem pensar e se concentrar melhor enquanto fazem estes movimentos.
A estereotipia precisa ser tratada quando prejudica a criança, como quando ela costuma bater a cabeça, por exemplo. Também precisa ser regulada quando a prática compromete as atividades do dia a dia, restringindo seu aprendizado ou também limitando seu desenvolvimento social. Ou seja, precisa de tempo e local definidos, que a criança consiga visualizar o começo e fim. Ela precisa ter controle destes movimentos. Fazer terapia focada na regulagem da estereotipia pode auxiliar a criança a não ser controlada por esses movimentos, ampliando seus interesses, variando a forma de brincar com um mesmo objeto, ou respondendo de formas diferentes a uma mesma pergunta, por exemplo. Os pais podem contribuir neste processo não deixando a criança ociosa, proporcionando atividades prazerosas durante os horários livres do dia. Lembrando que é fundamental fazer esse processo gradativamente, nunca retirar o hábito bruscamente.
Uma prática que pode ajudar a controlar a estereotipia é utilizar cartões com cores (verde-pode / vermelho-não pode). Quando a criança estiver em uma atividade que não possa fazer seus movimentos, mostrar-lhe o cartão vermelho. Permitir em algum momento, mostrando-lhe o cartão verde e, quando for momento de parar, mostrar o cartão vermelho novamente. Essa tática pode ser adotada na escola ou outros lugares em que a criança esteja, para que pratique o auto-controle. Aos poucos, ela aprenderá a regular sozinha, podendo deixar de lado o uso dos cartões.
É importante também minimizar os estímulos que podem gerar estresse na criança. Muitas vezes, os movimentos repetitivos começam quando ela está em uma situação de estresse. Geralmente, os pais conseguem identificar melhor quais as sensações que a incomodam, como barulhos, cheiros, toques, luzes, etc. Nestes casos, eliminar ou reduzir estes estímulos reduzirá, consequentemente, os movimentos de autorregulação.
Outra dica legal é criar um meio de a criança comunicar que precisa de um tempo. Pode ser por imagem, gesto ou verbalmente, mas que o adulto entenda que ela precisa de espaço. Respeitar o espaço e a vontade da criança é fundamental!

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